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FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE ENERGIA,
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Fecoergs 50 anos de trabalho para o desenvolvimento e consolidação das cooperativas

Fecoergs 50 anos de trabalho para o desenvolvimento e consolidação das cooperativas

Fecoergs completa 50 anos e reforça ações na área de energia e telecomunicações

31 de Dezembro de 2021

A Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs) já marcou a história do Estado ao contribuir para levar a luz elétrica a distantes áreas rurais. Agora, após chegar ao meio século de atividades, fundada em 8 de setembro de 1971, em 2021, entre os desafios que se apresentam para a instituição e suas associadas para os próximos anos estão o fortalecimento da infraestrutura dessa rede, possibilitando mais capacidade de carga para o produtor, e a expansão do serviço de Internet no campo.

O presidente da Fecoergs, Erineo José Hennemann, recorda que a entidade se formou a partir da identificação da necessidade de integração das organizações que atuavam com eletrificação rural na década de 1970. “Criou-se uma associação que representasse as cooperativas de distribuição de energia elétrica”, detalha o dirigente. Na época, também estava sendo aprovada a lei 5.764/71 que definia a Política Nacional de Cooperativismo.

Essa combinação de eventos impulsionou o nascimento da Fecoergs.

Cooperativistas como Seno Dreyer, Olavo Stefanello e Frederico Damião Bavaresco, dentre tantos outros, serão sempre lembrados pela garra e determinação para consolidação das cooperativas de eletrificação rural, da federação e da confederação nacional (Infracoop).

Hennemann, que também é presidente da cooperativa Certel, lembra que o propósito inicial era justamente propiciar energia ao meio rural, em lugares que não contavam com esse recurso, o que animou muitas pessoas que moravam no campo a fazerem parte das cooperativas. Junto com o presidente Erineo, além dos conselhos de administração e fiscal, atuam os diretores, Renato Pereira Martins, vice-presidente e Querino Volkmer, secretário.  O superintendente da Fecoergs e da Infracoop, José Zordan, acrescenta que nos anos de 1970, quando a federação foi fundada, vieram recursos internacionais, através do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que só poderiam ser aplicados na eletrificação rural por meio de cooperativas. O Rio Grande do Sul, que contava com algumas poucas organizações dessa natureza na ocasião, com esse auxílio teve o incentivo para que mais associações pudessem ser desenvolvidas.

Zordan ressalta que as cooperativas pegaram muita “carne de pescoço”, demonstrando que era possível implantar a estrutura de energia nos rincões do Estado. “O tamanho da cooperativa não se mede tanto pelo econômico, mas pelo benefício social gerado”, enfatiza. O dirigente comenta ainda que, passado esse “boom” inicial com a alavancagem do dinheiro do exterior, técnicos e engenheiros começaram a atuar diretamente nas cooperativas e a Fecoergs assumiu uma figura política e institucional.

Atualmente, como a legislação exige uma separação dos serviços de distribuição e geração de energia, a federação é constituída por associações que operam nas duas áreas. Hoje, também há as cooperativas de desenvolvimento, vinculadas às agremiações originais focadas na distribuição, mas com CNPJs diferentes e que podem praticar outras atividades. No total, são 25 cooperativas vinculadas à Fecoergs, sendo 10 de desenvolvimento (geração e Internet) e 15 de distribuição de energia.

As cooperativas ligadas à federação fornecem energia para mais de 300 mil propriedades rurais, que representam cerca de 1,3 milhão de gaúchos, atuando em 370 municípios, totalizando aproximadamente 65 mil quilômetros de rede elétrica. As usinas dessas organizações, sejam pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), de biomassa (matéria orgânica) ou complexos fotovoltaicos, têm somadas uma capacidade instalada equivalente a cerca de 30% da demanda dos cooperados.

Já quanto à Internet, são mais de 50 mil famílias que tiveram acesso a esse serviço por meio das cooperativas.

Para o presidente da Fecoergs, entre as metas atuais das organizações continua a missão de propagar uma energia de qualidade para seus associados. Além disso, o objetivo é desenvolver a conectividade no meio rural com a Internet. “Isso está fazendo com que o campo seja visto de forma diferente, ou seja, com uma infraestrutura capaz de interligá-lo ao mundo”, enfatiza Hennemann.

Quanto à área de geração de energia, o dirigente alerta que o País e o Rio Grande do Sul precisam do incremento desse insumo e o sistema cooperativo tem sido um aliado para melhorar essa condição. Já Zordan reforça que as associações, que desenvolveram historicamente seu parque gerador por meio de PCHs, buscam no momento diversificar os investimentos também com outras fontes renováveis, como a biomassa, a solar e a eólica.

Cooperativas representam papel fundamental dentro de programa do governo do Estado para melhorar rede elétrica

Com a intenção de qualificar a infraestrutura de distribuição no meio rural, o governo gaúcho lançou o programa Energia Forte no Campo. O presidente da Fecoergs, Erineo José Hennemann, detalha que a iniciativa, que conta com a participação de cooperativas de eletrificação, está transformando redes monofásicas em trifásicas, aprimorando as condições de competitividade dos produtores.

O superintendente da federação, José Zordan, complementa que as associações são importantíssimas dentro dessa ação pela agilidade e proximidade com as comunidades, prefeituras e sindicatos. Por meio de financiamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e participação do governo do Estado, produtores e cooperativas, são realizadas obras de melhorias na rede permitindo que atividades que precisem de uma maior carga de eletricidade, como a refrigeração de leite, por exemplo, possam ser executadas.

Segundo Zordan, hoje cerca de 60% da rede na área rural do Rio Grande do Sul, das cooperativas e concessionárias, é monofásica. “Essa estrutura atendeu até agora, mas o produtor precisa de mais energia, em quantidade e qualidade, para poder fazer dela efetivamente um insumo de produção”, argumenta o superintendente. Esse aprimoramento de infraestrutura deverá melhorar a produtividade, a renda e a arrecadação de tributos.

“A Fecoergs tem sido uma grande parceira do governo do Estado”, confirma o secretário estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Luiz Henrique Viana. Ele relata que, em 2020, foram três cooperativas conveniadas ao programa Energia Forte no Campo, a Certel, a Coprel e a Certaja, com 39 projetos contratados e concluídos durante 2021, com 18 municípios atendidos e 91 produtores rurais beneficiados. Foram implantados 58,52 quilômetros de novas linhas de distribuição trifásica, R$ 3,6 milhões contratados, com aporte de R$ 720 mil do governo gaúcho.

O secretário informa que as três cooperativas tiveram, em 2021, mais 43 projetos encaminhados, com execução prevista para 2022, abrangendo a 21 municípios e com 107 produtores favorecidos. Serão mais 72,27 quilômetros de novas linhas de distribuição trifásica, com R$ 5,9 milhões contratados e um desembolso do Estado na ordem de R$ 1,18 milhão. “Esse programa vai continuar e vamos cada vez mais colocar o Estado à disposição das cooperativas, assim como essas organizações têm ficado à disposição do povo gaúcho”, enfatiza o dirigente.

Viana acrescenta que a atuação das cooperativas associadas à Fecoergs estimula o aumento da produtividade, geração de emprego e sustentabilidade. O dirigente cita ainda a participação da federação em grupos de trabalho desenvolvidos dentro da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura que discutem tópicos como pequenas centrais hidrelétricas, atlas energético, monitoramento de escassez hídrica, entre outros.

Classe política reconhece importância do serviço prestado

A relevância das ações realizadas pelas cooperativas de eletrificação não passa desapercebida pelos representantes públicos do Estado. O secretário-chefe da Casa Civil gaúcha, Artur Lemos Júnior, ressalta que, nesses 50 anos de existência, a Fecoergs tem contribuído no desenvolvimento de iniciativas que melhoram a qualidade de vida do povo do Interior do Rio Grande do Sul.

O dirigente frisa que as cooperativas representam uma função preponderante na geração de energia elétrica e também ao introduzir estrutura de comunicação no campo. “A gente precisa valorizar, porque somos o Estado berço do cooperativismo e, com certeza, no capitalismo que vivemos, o capitalismo cooperativo tende a ganhar mais espaço e condição de integração e desenvolvimento de forma sustentável”, reforça Lemos. Esse tipo de organização, salienta o secretário, permite que se tenha o compartilhamento de conhecimentos e soluções inovadoras.

Já o senador Luis Carlos Heinze (PP) recorda que as cooperativas gaúchas são premiadas constantemente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) devido à capacidade e qualidade dos trabalhos que elas prestam aos seus associados. Um termômetro desse desempenho, indica Heinze, são as frequentes boas colocações dessas associações dentro do prêmio Índice Aneel de Satisfação do Consumidor (IASC). “As cooperativas concorrem hoje com multinacionais, que têm muito dinheiro, e são empresas sólidas, o que para nós é um orgulho”, afirma o senador.

Além de parabenizar pelas cinco décadas de operações da Fecoergs, Heinze adianta que outras jornadas se apresentam para o futuro da entidade. Ele frisa que o Brasil realizou, recentemente, com sucesso o leilão de 5G, considerado o maior certame de radiofrequências da América Latina. “É fundamental debatermos a conectividade no meio rural, para levar não só a telefonia, mas também o computador e a Internet para o campo”, defende o senador.

Por sua vez, o deputado federal Heitor Schuch (PSB) ressalta as dificuldades que as cooperativas tiveram que superar no começo de suas atividades. “Parabéns pela história da Fecoergs, pelo trabalho, por terem ido lá no fundo do campo, da roça, subindo morro, descendo as baixadas, levando energia para o desenvolvimento rural”, elogia o parlamentar.

Schuch afirma que essas ações foram essenciais para que muitos produtores pudessem ter luz, comprassem uma geladeira, um freezer, para guardar os alimentos, entre outras tantas coisas mais. O deputado destaca ainda que a Fecoergs também tem participado de discussões de importantes temas atuais e indica como exemplo o novo regramento da produção de energia solar no País.

A capacidade das cooperativas gaúchas de produzirem uma energia renovável através das várias PCHs que administram e agora estarem ingressando também no setor de energia solar e eólica é um ponto destacado pelo deputado estadual Ernani Polo (PP). Ele enfatiza ainda que essas associações constituem um setor estratégico para a vida de milhares de famílias no Rio Grande do Sul.

“A Fecoergs é sem dúvida um importante elo de integração entre o homem do campo e os meios de produção e tem um grande futuro para o Estado no que diz respeito ao abastecimento energético”, projeta o parlamentar. Já o deputado estadual Elton Weber (PSB) acrescenta que a Fecoergs representa uma participação destacada na construção de políticas públicas que sejam voltadas à eletrificação do meio rural, implantação da rede trifásica e proporcionar as condições necessárias para as propriedades do campo poderem produzir. “Cabe lembrar que as cooperativas ficaram com a parte mais difícil de ser atendida (desenvolver infraestrutura em áreas distantes), porém conseguiram fazer um caso de sucesso dessa dificuldade”, enfatiza o parlamentar.

Weber diz que o sistema Fecoergs dá suporte também para o sucesso do trabalho das cooperativas em geral, tanto de produção agropecuária como dos demais segmentos. O deputado adverte que, sem energia elétrica de qualidade, as propriedades rurais não conseguem produzir, não conseguem ligar aparelhos com a potência e força necessária. Importância similar é salientada por Weber quanto ao serviço de Internet prestado pelas cooperativas. “Não temos mais como viver hoje no meio rural sem essa ferramenta de comunicação, conhecimento, de infraestrutura e de trabalho”, aponta.

Cooperativismo ajuda a combater o êxodo rural

A busca por mais condições de lazer e de oportunidades de crescimento profissional muitas vezes faz com que quem vive em lugares afastados se mude para os grandes centros urbanos. Essa situação ocasiona o esvaziamento do campo, porém, o trabalho desenvolvido pelas cooperativas na área de infraestrutura ajuda a mitigar esse cenário.

O presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, ressalta que as cooperativas de energia surgiram a partir de uma necessidade do segmento rural e o que foi feito com a luz no passado está sendo realizado agora por essas organizações também com a Internet, alcançando os pontos mais distantes com esse serviço. “Na medida em que a Internet avança, mais jovens ficam no campo e se associam às cooperativas agropecuárias”, afirma o dirigente.

Ele reitera que a modernização e o crescimento do processo cooperativo, depende da energia e da estrutura de comunicação no campo. Além disso, Perius recorda que as cooperativas fornecem energia para várias agroindústrias gaúchas. “Quanto mais força tiver esse sistema cooperativo, mais agroindústrias poderão se instalar no Interior, produzindo alimentos para o mundo inteiro”, enfatiza o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS.

Já o presidente da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop) e da Coprel, Jânio Vital Stefanello, reforça a qualidade dos trabalhos desempenhados pelas cooperativas gaúchas e que a missão das associações está sendo ampliada. “O que tem na cidade queremos que tenha no Interior, energia confiável, com serviço ágil, para sustentar o crescimento do agronegócio e também levar uma Internet robusta para o meio rural”, comenta o presidente da Infracoop.

Stefanello chama a atenção para o tema da sucessão rural. “Como vamos enxergar o futuro no campo sem o jovem lá? E o jovem só fica se tem Internet de qualidade”, argumenta o dirigente. O presidente da Infracoop defende que é preciso construir uma política pública, tanto dos municípios, como estados e União, para alavancar o ingresso da Internet nas áreas rurais.

O dirigente salienta ainda o pioneirismo das cooperativas gaúchas em vários segmentos e um exemplo citado por ele é o fato da Coprel ter sido a primeira associação dessa natureza a migrar para o Ambiente de Contratação Livre e adquirir energia no chamado mercado livre. Outro destaque feito pelo dirigente é que, há cada duas PCHs construídas no Rio Grande do Sul, uma normalmente tem participação de cooperativa.

Já o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, aponta a capacitação dos associados da Fecoergs como um diferencial. “A Fecoergs, não tem dúvida, faz um trabalho extraordinário de aglutinação do sistema cooperativo de infraestrutura, principalmente, de eletrificação”, enfatiza o dirigente. Ele acrescenta que o trabalho de difundir a luz no campo é imprescindível e, agora, a Internet também é algo vital para os residentes fora das grandes cidades.

Quanto aos desafios futuros do cooperativismo, Pires antecipa que cada vez mais as organizações terão que ser mais competitivas, profissionais, transparentes, com gestões democráticas e eficientes. “Eu tenho certeza que o melhor sistema de desenvolvimento, com resultados econômicos, olhando e respeitando muito a questão social, é o cooperativismo e ele terá um grande futuro”, conclui o presidente da FecoAgro/RS.

Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, o trabalho da Fecoergs pode ser sintetizado em um conceito: pioneirismo. “Uma palavra que resume não só a Fecoergs, mas também as cooperativas gaúchas”, considera o dirigente. De acordo com Freitas, é um trabalho de esmero técnico e de atenção plena às demandas de suas filiadas que faz da federação gaúcha referência nacional para o ramo da infraestrutura. Ele frisa que a entidade está sempre apta a superar os desafios como, por exemplo, o de levar Internet de qualidade ao campo.

O presidente da OCB sustenta que o cooperativismo tem o desafio de estar presente cada vez mais no dia a dia das pessoas, inovando em soluções, agregando valor e promovendo o desenvolvimento econômico, social e ambiental. “Necessitamos de um cooperativismo muito mais próximo ao seu cooperado, levando as soluções que vão fazer a diferença em sua vida”, finaliza Freitas. (Fecoergs – 08.09.2021)